Estágio Supervisionado IV - 2010.1

Este é o blog da disciplina Estágio Supervisionado IV da disciplina Estágio Supervisionado IV, do curso de Licenciatura em Química da UNEB, no semestre 2010.1.
O objetivo é fornecer subsídios para a realização desta etapa fundamental na formação do educador em química. Pretendemos promover maior interação entre os participantes da disciplina, através de avisos, dúvidas, sugestões e a participação proativa.





quarta-feira, 5 de maio de 2010

Fúrum II : LEI 11645 -Cultura Negra e Indígena Brasileira

Leia o texto a seguir:

LEI 11645 -Cultura Negra e Indígena Brasileira

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)


Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de março de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad

________________________________________________________

A questão central deste Fórum é: Como fazer cumprir a lei citada no ensino de Química no nível médio?

Os critérios de avaliação são os mesmos do fórum anterior.
O prazo para postagem é até o dia 31/05/2010.

12 comentários:

  1. Esta lei visa o resgate e valorização da cultura negra como um dos elementos formadores da nossa cultura, sem com isso desvalorizar as demais culturas, todas significativas para o Brasil.
    O desconhecimento da cultura africana e indígena é visível tanto no ensino médio, quanto no ensino superior. A inserção destes elementos culturais no ensino médio, não é um papel apenas do professor, e sim de toda a comunidade escolar, sendo que o professor é o principal mediador deste processo na sala de aula. Dessa forma, cabe ao professor de química fazer uma releitura sobre a riqueza cultural africana e indígena que herdamos e a partir daí, buscar elementos que possam ser contextualizados ao ensino de química. Um obstáculo para esse processo é que o conhecimento de história afro-brasileira e indígena é aquele que o professor trás do ensino médio, pois estes não são abordados durante o ensino superior, o que dificulta ainda mais a releitura baseada nos aspectos históricos culturais citados.
    Ainda podemos perceber que os livros didáticos não fazem referência ao que foi criado pelos povos africanos, como eles viviam. A visão que temos do descendente africano é daquele homem maltratado, sem roupas, com fome, que trabalhava nas lavouras de cana de açúcar, que era um mero objeto de compra e venda, uma visão desumana. Sendo que a nossa cultura, nossos costumes, nossa comida, é herança cultural destas pessoas, se não fossem eles, não estaríamos desfrutando daquela feijoada deliciosa na casa da nossa avó aos domingos! E aquele vinho gostoso? Vocês acham que foram os loiros dos olhos azuis europeus que inventaram? Claro que não! Foram os povos africanos - egípcios! Esses fatos não podem realmente ser deixados para trás, o processo de fabricação de vinhos (bebidas alcoólicas) envolvem a química, as transformações que se faz na cozinha pode ser muito bem fundamentada pela química.
    Metalurgia, arquitetura, tecelagem, medicina popular e musicalidade. O berço de todas essas descobertas importantíssimas para o desenvolvimento humano é a África. Podemos abordar conteúdos como ligações metálicas, processos de transformação da matéria, misturas etc., dentro destes contextos históricos, sem contudo, excluir ou omitir toda a criação desses povos que foram tão importantes para o que nós temos e o que nós somos hoje em se tratando de riqueza cultural.
    Para mim este assunto era desconhecido até então, porém a lei entrou em vigor desde 2008, muitos estudos têm sido feitos e reportados em artigos e encontros pedagógicos. Sei que muitos discordam desta lei, mas agora não é mais hora de reclamar, a lei já está posta, cabe a nós pesquisar e tentar trazer elementos da cultura afro-brasileira e indígena para o ensino de Química, para isso trago aqui algumas referencias que encontrei durante esta busca para a nossa discussão neste fórum.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Referências

    * A APLICAÇÃO DA LEI Nº 10.639 NO ENSINO DE QUÍMICA: ABORDAGEM DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA POR MEIO DO COCO-DA-BAÍA.

    Disponível em: http://web.ulbraitumbiara.com.br/ecodeq/trabalhos/li/li02.pdf

    Artigo muito interessante sobre um trabalho feito para abordagem de conteúdos de química por meio da lei N° 10.639.

    * A QUÍMICA DO COCO-DA-BAÍA.

    Disponível em: http://sites.google.com/site/aquimicadococodabaia/recursos.

    * APRENDIZAGENS DE UM GRUPO DE FUTUROS PROFESSORES DE QUÍMICA NA ELABORAÇÃO DE CONTEÚDOS PEDAGÓGICOS DIGITAIS: EM FACE DOS CAMINHOS ABERTOS PELA LEI FEDERAL Nº 10.639 DE 2003.

    Disponível em: http://www.bdtd.ufu.br/tde_arquivos/19/TDE-2009-06-15T123255Z-1541/Publico/aDissertacao_Juliano_FINAL.pdf

    Aborda alguns conteúdos que podem ser trabalhados em química.


    * ENSINO DE HISTÓRIA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.

    Disponível em: http://www.pec.uem.br/pec_uem/revistas/arqmudi/volume_11/suplemento_02/artigos/081.pdf

    Importante para o entendimento da lei e suas contribuições para o ensino.

    ResponderExcluir
  5. Muito bom Adriana.Pesquisa, posicionamento critico e intervenção com elementos que contribuem para a discussão.
    Parábens!!
    É assim que identificamos competências e qualidades para um exercício profissional de qualidade!
    Abs
    Ródnei

    ResponderExcluir
  6. O objetivo principal para inserção da lei é o de divulgar e produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir objetivos comuns que garantam respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira e africana, como outras que direta ou indiretamente contribuíram (contribuem) para a formação da identidade cultural brasileira. É muito importante que o estudante de modo geral saiba da sua história, da história do seu país. Essa falta de conhecimento a respeito da nossa cultura é uma falta de identidade, um não conhecimento a respeito de si mesmo e da sociedade como um todo. Afinal, é a partir daí que temos clara a idéia do motivo pelo qual há tanta miscigenação e uma riqueza de pluralidades. A nossa cultura é muito rica para ser esquecida e os povos que permitiram toda essa diversidade devem ser destacados até para entendermos as questões políticas, a posição do Brasil perante o mundo, a distribuição da renda no país. Assim, além de termos cidadão conscientes da sua herança etinico-social, teremos pessoas críticas e formadoras de opinião. Afinal, prega-se tanto por uma boa educação, deseja-se tanto que o país tenha um grande número de alfabetizados. Mas pensado bem, alfabetizado não quer dizer necessariamente bem educado, mas não educado no sentido de bons modos, mas sim de um povo que pensa, que tem uma visão ampla e crítica a respeito dos desrespeitos e que tem noção dos seus direitos e deveres. Ma será que eles querem pessoas assim? Não! Eles querem pessoas que sejam seus súditos, que dancem conforme a música tocada na vitrola da dominação. Mas veja que engraçado, tudo isso é uma questão histórica, é uma herança advinda dos tempos em que estavam aqui os escravos, conhecidos hoje como aqueles maltrapilhos, sem dinheiro, dominados pelos brancos. E antes disso vieram os índios que não tiveram uma situação diferente.

    ResponderExcluir
  7. Todos eles nós conhecemos basicamente como seres subordinados, apáticos, que se conformavam com a vida que levavam. Mas será que era assim mesmo? Há muito mais coisa a se mostrar e a se dizer do que o que realmente é dito e mostrado. A riqueza culinária, aquele sarapatel que aquela criança ou aquele adolescente e ate mesmo o adulto gosta foram esses povos que trouxeram. Ah, não sabia?? Se deliciando assim e não tinha nem noção que esse momento de prazer, porque comer é um prazer, lhe foi proporcionado por eles há muitos e muitos anos atrás. Aquele remedinho que te fez sentir melhor teve a sua origem nos conhecimentos adquiridos através dos povos indígenas que possuíam o conhecimento a respeito das plantas do seu ambiente natural. Ah, e aquela bebida deliciosa? Algumas surgiram do saber popular que eles tinham. Os negros e índios, mesmo sendo subordinados não deixaram de firmar a sua identidade, a sua cultura. Criaram raízes que ficaram fincadas pra sempre na sociedade, seja na culinária ou em algumas palavras de origem africana e indígena. Atualmente nós, que somos “livres” para pensar, para firmar a nossa identidade não somos capazes de respeitar o legado que nos foi deixado com tanto esforço. E eu me coloco nesse meio, porque tem muita coisa que eu não sei de onde veio e muitas vezes em procuro saber. Mas agora isso pode ser mudado, com essa lei os estudantes podem tomar conhecimento a respeito da sua cultura e pode passar isso de geração pra geração. É um passo muito importante e que deve ser dado já!

    ResponderExcluir
  8. É possível trabalhar conceitos químicos como mistura, solução e solubilidade com foco na culinária. Embora o tema “Química na cozinha” seja um tema explorado em materiais didáticos, ainda não se articula com aspectos previstos na lei 10639. Pode-se mostrar, por exemplo, que água e óleo não se misturam utilizando azeite de dendê ao invés de óleo normal de cozinha. Dá pra falar das propriedades da matéria exemplificando com os temperos utilizados na cozinha, como a noz-moscada, usada para fazer o vatapá e que serve também para quem sofre de hipertensão que inala a noz-moscada e o cheiro alivia os efeitos causados pela pressão alta, a pimenta do reino, dentre outros, que são as antigas especiarias trazidas pelos comerciantes de escravos e que faziam com que eles lembrassem as suas terras.
    Ao abordar a Química orgânica, onde se fala de carboidratos, proteínas e lipídios, o professor pode falar do arroz, que é um carboidrato, e dizer de que forma o grão de arroz foi trazido para o Brasil. Não é muito falado, mas o arroz foi trazido para o país pelos escravos; quando um filho era tirado das mãos de uma escrava, elas colocavam sementes de arroz no cabelo das crianças para eles chegarem ao Brasil e plantar para suplementar a sua alimentação. A questão da farmacologia; as medicações naturais utilizadas pelos índios. O meio ambiente, falando a respeito da relação dos índios com a natureza, trazendo os aspetos observados atualmente, como as enchentes, o derretimento das geleiras (podendo falar também da densidade).Enfim, além dos assuntos abordados por Adriana na sua fala, estes podem ser alguns dos temas abordados na sala de aula estando de acordo com a nova lei, que até então era desconhecida por mim. Gostaria de ressaltar aqui a importância dessa troca de informações que nos ajuda na formação de licenciado e na nossa atuação profissional.

    ResponderExcluir
  9. Muito bem Grazi,

    só lamento a falta de participação dos demais estagiários. Tenho certeza que Graziele e Adriana podem testemunhar o quanto a participação contribuiu para a sua formação.

    Sds
    Ródnei

    ResponderExcluir
  10. Realmente, não existe um aprofundamento nas culturas africanas e indígenas no ensino médio. E assim como Adriana comentou, a inserção desses elementos culturais cabe a toda a comunidade escolar. Porém, um fator que pode dificultar essa inserção é a falta de conhecimento dos próprios professores, que também não tiveram esse conhecimento em sua época escolar e essa falha, na maioria das vezes, não é compensada no ensino superior, sendo necessário que o professor busque por seu aperfeiçoamento, principalmente em alguns estados que tiveram uma influência direta da cultura africana ou da cultura indígena, como é o caso da Bahia e do Amazonas, no entanto, a abordagem não é diferenciada da do resto do país.

    ResponderExcluir
  11. Para nos baianos, é muito evidente a presença da cultura africana no nosso cotidiano, como foi dito por Graziele e Adriana, já que nossa culinária tem muita influencia tanto das comidas africanas como das comidas das senzalas, feitas pelos africanos escravizados, no entanto não devemos esquecer da influencia dos índios na cultura brasileira, pois quem nunca tomou um chá, ou um remédio a base de plantas, raízes ou ervas? Esse costume foi herdado dos povos indígenas que viviam em contato direto com a natureza e dela tiravam seus alimentos, remédios e até sua proteção, de tal maneira que a vida de toda a tribo estava alicerçada na natureza, nos seus fenômenos e nas estações. Para resgatar essa cultura e relacioná-la com o ensino de química pode-se de conteúdos como misturas e separação, solução, propriedades químicas, compostos orgânicos quando tratamos de chás pois a depender do mal-estar se utiliza uma folha diferente ou uma mistura delas, pois o que se deseja é extrair uma determinada substância, que pode ser um composto orgânico, que de acordos com suas propriedades vai atuar no organismos do individuo.

    ResponderExcluir
  12. Esta Lei é de fundamental importancia, para os brasileiros principalmente, pois conhecer as origens de seu povo, a evolucao da sociedade, é de extrema necessidade para a formacao dos cidadaos que é a verdadeira proposta do ambito educacional. Precisa-se acabar com a necessidade governamental de populismo na educacao e ter um olhar mais critico para ambiente escolar de nivel medio no pais, porque alem de n alfabetizar os seus habitantes estas atitudes estao promovendo pessoas interesseiras, materialistas, enfim, capitalistas que é a realidade mundial, o que n é legal para seres que querem conviver harmoniozamente. Diante destes fatos, é preciso conscientizar a todos e entender que é "cada macaco no seu galho", deixando assim os entendedores e estudiosos sobre o assunto sancionar leis e fazer implementar/vigorar os artigos da lei citada para exterminar a ignorancia da populacao. É enriquecedor para todos saber dos seus antepassados, porque chegamos até aqui e como chegamos, é como se fosse realmente a evolucão científica, a evolucão do pensamento humano. Analogias sao interessantes nesses assuntos, uma real transposicao didática, para facilitar o entendimento e a compreensão dos discentes desse nivel educacional.

    ResponderExcluir